Uma pesquisa publicada pela Sciente Translational Medicine investigou a semelhança entre os danos cerebrais causados pelos flavivírus, considerados pela ciência como “primos” do zika. São eles: mayaro, powassan, chicungunha e o vírus da febre do Nilo Ocidental. Em experimentos com ratos, os especialistas identificaram danos cerebrais em fetos de cobaias prenhas, assim como a microcefalia, que é causada pelo zika vírus e afeta bebês humanos.

A princípio os especialistas já imaginavam que o zika vírus não era o único com aptidão para atravessar a placenta, mas foi com base em estudos prévios em camundongos que eles confirmaram essa teoria, já que casos esporádicos de vírus do Nilo Ocidental e outras infecções relacionadas aos flavivírus geraram abortos espontâneos e defeitos congênitos.

Durante os testes foram injetados os quatro vírus em cobaias com seis dias de gestação. Após uma semana os cientistas constataram que todos os micro-organismos haviam infectado as placentas e os fetos, mas diferente do esperado, os níveis de contaminação do vírus da febre do Nilo Ocidental foi de 23 a 1.500 vezes superior aos dos outros patógenos. Cerca da metade dos fetos cuja mãe foi infectada pelo Nilo Ocidental ou pelo powassan morreu dentro de 12 dias. Não houve óbitos nos outros dois grupos.

Os pesquisadores destacam que ainda serão necessários novos estudos para afirmar com certeza se as outras infecções são capazes de causar aborto espontâneo e danos cerebrais. Relacionar os defeitos congênitos com o vírus da febre do Nilo Ocidental é difícil, principalmente porque o número de casos é menor e menos esporádico se comparado a outros flavivirus, como o próprio zika vírus, por exemplo.

Fonte: Correio Braziliense