A coluna vertebral é o espaço do disco intervertebral, canal espinhal e tecidos moles adjacentes. A infecção dessa parte do corpo pode ser causada por bactérias ou fungos, podendo ocorrer após cirurgia; a maioria das infecções pós-operatórias ocorre de três dias a três meses após a cirurgia.

A forma mais comum de infecção vertebral é a osteomielite vertebral, que se desenvolve a partir de trauma aberto direto da medula espinhal, infecções em áreas adjacentes ou bactérias de outro local do corpo que se disseminam para uma vértebra.

Também existem as infecções dos espaços dos discos intervertebrais que desenvolvem entre  o espaço e as vértebras adjacentes. As infecções do espaço do disco podem ser divididas em três categorias: hematogênica do adulto (espontânea), hematogênica da infância (discite) e pós-operatória.

Já as infecções do canal espinhal incluem abscesso epidural espinhal, que é uma infecção que se desenvolve no espaço ao redor da dura-máter (tecido que envolve a medula espinhal e as raízes nervosas). O abscesso subdural é bem mais raro e afeta o espaço potencial entre a dura-máter e a aracnoide (membrana fina da medula espinhal, entre a dura-máter e a pia-máter). Infecções por dentro do parênquima medular (tecidual) são chamadas de abscessos intramedulares.

Por último, as infecções dos tecidos moles adjacentes incluem lesões cervicais ou torácicas e abscessos lombares paravertebrais do músculo psoas. Infecções de tecidos moles geralmente afetam pacientes mais jovens e não são vistas frequentemente em pessoas idosas.

Os fatores de risco para o desenvolvimento de infecção na coluna incluem as seguintes condições:

  • Idade avançada
  • Uso de drogas endovenosas
  • Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)
  • Longo prazo de uso sistêmico de esteroides
  • Diabetes mellitus
  • Transplante de órgãos
  • Desnutrição
  • Câncer

Infecções da coluna vertebral podem ser causadas por qualquer infecção bacteriana ou fúngica em outra parte do corpo que foi levada para a coluna através da corrente sanguínea. A fonte mais comum de infecções da coluna vertebral é uma bactéria chamada Staphylococcus aureus, seguida por Escherichia coli.

Infecções da coluna vertebral podem ocorrer após procedimento urológico, porque as veias na parte inferior da coluna surgem através da pelve. A região mais comumente afetada da coluna é a lombar. Usuários de drogas endovenosas são mais propensos a infecções que afetam a região cervical.

Os sintomas variam dependendo do tipo de infecção na coluna, mas geralmente a dor é localizada inicialmente no local da infecção.  Os pacientes pós-operatórios podem inicialmente ter poucos sintomas, mas, eventualmente, desenvolver dores nas costas. Geralmente, jovens e crianças pré-verbais não têm febre nem parecem estar com dor, mas se recusam a flexionar ou dobrar a espinha. Crianças acima de três a nove anos apresentam dor nas costas como o sintoma predominante.

Infecção pós-operatória do espaço do disco ocorre, em média, um mês após a cirurgia. A dor geralmente é aliviada pelo repouso e imobilização, mas aumenta com o movimento – se não for tratada, piora progressivamente a ponto de ser refratária, não respondendo aos analgésicos.

O maior desafio dessa doença  é chegar a um diagnóstico precoce antes que a morbidade grave ocorra. O diagnóstico geralmente leva em média um mês, mas pode demorar até seis meses, o que dificulta o tratamento eficaz. Muitos pacientes não procuram ajuda médica até que os sintomas se tornem graves ou debilitantes.

 

Testes laboratoriais

Testes laboratoriais específicos são úteis para ajudar a diagnosticar uma infecção da coluna vertebral. Podem ser benéficos os exames de sangue de proteínas inflamatórias de fase aguda, taxa de sedimentação de eritrócitos (VHS) e proteína C-reativa (PCR), sendo estes dois últimos muitas vezes bons indicadores da dosagem da inflamação presente no corpo (quanto maior o nível, mais provável que a inflamação/infecção esteja presente). Esses testes, no entanto, são limitados e outras ferramentas de diagnóstico são usualmente necessárias.

A identificação do microrganismo é essencial, o que pode ser feito através de amostragem de biópsia guiada por tomografia computadorizada do corpo vertebral ou do disco. As culturas do sangue, de preferência tiradas durante um pico de febre, podem também ajudar a identificar os patógenos envolvidos na infecção da coluna vertebral. Nesse caso, estudos de imagem são necessários para identificar a localização e extensão da lesão. A escolha das técnicas de imagem varia ligeiramente, dependendo da localização da infecção.

Existem tratamentos que não precisam de centro cirúrgico, porém, há muitas terapias com antibióticos ou antifúngicos por via endovenosa, com tempo prolongado de internação hospitalar. A imobilização pode ser recomendada quando há dor significativa ou potencial de instabilidade da coluna. Se o paciente estiver neurológica e estruturalmente estável, o tratamento com antibiótico deve ser administrado após a identificação do microrganismo causador da infecção. A terapia antimicrobiana geralmente leva de seis a oito semanas e o tipo de medicação é determinado caso a caso, dependendo das circunstâncias específicas do paciente, incluindo idade.

O tratamento não cirúrgico deve ser considerado em primeiro lugar quando o paciente tem pouca ou nenhuma alteração neurológica ou a taxa de morbidade e mortalidade da intervenção cirúrgica é elevada. Entretanto, a cirurgia pode ser indicada quando ocorra qualquer das seguintes situações:

  • Significativo acometimento do osso
  • Déficits neurológicos
  • Sepse com toxicidade clínica causada por um abscesso sem resposta aos antibióticos
  • Falha de biópsia por agulha para obter culturas
  • Falha de antibióticos endovenosos em erradicar a infecção

As perguntas a seguir são considerações ainda controversas no tratamento da infecção da coluna vertebral:

  • Abordagem anterior ou posterior?
  • Devo realizar fusão?
  • Instrumentação é benéfica?

Os principais objetivos da cirurgia são:

  • Debridar (limpar e remover) o tecido infectado
  • Habilitar o tecido infectado para receber o fluxo sanguíneo adequado para ajudar a promover a cura
  • Manter ou restaurar a estabilidade espinhal
  • Limitar o grau de comprometimento neurológico

Uma vez determinada a necessidade de cirurgia, ferramentas de imagem como radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética podem ajudar a identificar o nível mais acometido a ser operado.

Protocolos atuais para infecções da coluna vertebral exigem tratamento por equipe multidisciplinar de médicos, incluindo especialistas em doenças infecciosas, neurorradiologistas e cirurgiões de coluna. A equipe será capaz de avaliar o melhor tratamento de forma individualizada, se cirúrgico ou não cirúrgico.