Utilizado para controlar os sintomas do Parkinson e melhorar a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados há mais de vinte anos, o marca-passo cerebral (estimulação cerebral profunda – Deep Brain Stimulation) é um tratamento que consiste em um implante de eletrodos inserido no cérebro. Esses eletrodos são ligados a um marca-passo implantado na pele (na altura da clavícula) do paciente, ativando os neurônios por meio de estímulos profundos que trazem melhoras cognitivas e comportamentais, além de auxiliar no reparo de danos funcionais.

Especialistas de Toronto, no Canadá, já haviam relatado em estudos anteriores, que houve um incremento no metabolismo cerebral e melhora clínica dos pacientes com Alzheimer que utilizaram o marca-passo cerebral. Na época o objetivo era apenas retardar o avanço da doença, não revertê-la. Já em janeiro último, o Journal of Alzheimer’s Disease publicou o resultado do que seria uma iniciativa de pesquisadores da Universidade de Ohio, nos EUA, para testar o lobo frontal como novo alvo para receber esses estímulos.

Os responsáveis pelo estudo afirmam que essa é uma importante região do cérebro, pois está diretamente relacionada às nossas habilidades para organização, planejamento e resolução de problemas. Além disso, os estímulos no lobo frontal apresentaram desaceleração no declínio dos pacientes na comparação com um grupo de pessoas que não receberam esse tratamento.

Durante os testes foram avaliados três pacientes com Alzheimer em estágio moderado, eles receberam o marca-passo cerebral e foram avaliados depois de mais de vinte meses. Os resultados computados não apresentam efeitos adversos sérios ou permanentes. Dentre os pacientes avaliados, um deles já não realizava tarefas antes rotineiras, como o preparo de refeições, por exemplo. Após dois anos de tratamento, o paciente em questão voltou a cozinhar e a selecionar suas próprias roupas.

Fonte: Folha de S. Paulo