Após 17 anos de trabalho, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis desenvolveu uma terapia holística inédita, capaz de gerar pequenos avanços aos pacientes diagnosticados com lesão medular completa. Após o início da terapia, foi identificada certa sensibilidade em regiões do corpo antes esquecidas pela paralisia. A partir de então, foram registradas pequenas contrações voluntárias nos músculos, melhora das condições cardiovasculares e na função intestinal, além do controle da bexiga desses pacientes.

 

Para Nicolelis, a maior surpresa foi a magnitude da recuperação, que chegou a cruzar três articulações: quadril, joelho e tornozelo. Os pacientes fazem parte do projeto Andar de Novo e duas vezes por semana são submetidos a sessões com o exoesqueleto apresentado na abertura da Copa do Mundo de 2014. Segundo o médico, é possível que de 2% a 5% dos nervos afetados possam sobreviver ao trauma original, a partir de então o cérebro é estimulado de maneira a enviar mensagens a esse nervo que restou.

 

Os pacientes submetidos a acompanhamento foram reclassificados de paralisa completa para paralisia parcial em dezembro de 2014 e, em junho de 2016, houve uma nova reclassificação. Além das melhoras sensorial e motora, notou-se também que, paralelamente, houve um avanço visceral. Pacientes registraram melhora na função cardiovascular e tiveram medicação reduzida para esse tipo de problema. No final de 2014, alguns pacientes registraram sensibilidade no períneo e passaram a contrair de forma voluntaria músculos das pernas e quadris.

 

O médico afirma que ainda não foi alcançado um platô, e que a melhora continua a crescer desde 2013, quando foi iniciado o treinamento. Por meio do tratamento, Nicolelis espera tratar os pacientes com lesão medular, que já chegam a 25 milhões de pessoas no mundo, além de ter expectativa de trabalhar na recuperação de pessoas com Parkinson, epilepsia e derrame.

 

Fonte: Folha