As pesquisas no Brasil continuam tentando compreender a atuação do Zika e há um esforço conjunto para avançar em pesquisas. Artigo publicado por pesquisadores da Fiocruz mostrou imagens inéditas da gravidade da lesão de bebês com microcefalia. Na USP, o projeto da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) uniu forças com parceiros estrangeiros para mapear a resposta imunológica do vírus. Já no Instituto Butantan, um grupo multidisciplinar procura entender esforço de doenças urgentes que, como o Zika, requerem rápida atuação.

 

O trabalho da Fiocruz foi publicado no periódico Neurology, da Academia Americana de Neurologia. Ele traz imagens tridimensionais de lesões do crânio de um bebê em que a mãe foi exposta ao vírus Zika no primeiro trimestre da gestação. O artigo é resultado de pesquisa realizada no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Ao mostrar que as lesões são mais graves e mais profundas que outras condições que apresentam sintomas aparentes similares, o trabalho corrobora o que já vinha sendo dito por especialistas: a microcefalia não pode ser o nome da condição, mas uma de suas características. O que se vê é uma condição mais profunda, com lesões mais graves, que alguns especialistas caracterizam como a “Síndrome Congênita do Zika”.

 

O estudo descreve que o tecido cerebral na infecção foi significativamente afetado e houve a destruição do cérebro em desenvolvimento. Os achados também corroboram o que pesquisas anteriores mostram: o Zika prefere o sistema nervoso e o ataca. Esse ataque destrói o cérebro e alguns neurônios perdem suas funções. O comprometimento das crianças, com isso, é muito extenso: bebês apresentam problemas de visão, surdez, dificuldade de engolir a saliva e convulsões.

 

Mapeamento imunológico

Na USP de Ribeirão Preto está em curso um projeto em parceria com o Departamento de Medicina do Imperial College, do Reino Unido, e com o Instituto de Pesquisa Benaroya (Seattle, Estados Unidos). O objetivo é entender o que leva algumas pessoas a terem diferentes respostas imunológicas quando são infectadas. Algumas, por exemplo, desenvolvem sintomas mais graves, como a Síndrome de Guillain-Barré – paralisia mais rara – e outras sequer desenvolvem os sintomas típicos.

 

Por meio do mapeamento, o projeto pretende chegar a conclusões sobre quais pessoas estão mais vulneráveis ao vírus. O que poderia desencadear uma nova estratégia para uma vacina ou até entender qual população deve ser alvo de imunização.

 

Grupo de Ação Rápida para Doenças Emergentes (Garde-IB)

No Instituto Butantan, além de estarem em curso testes em busca de uma vacina, foi criado o Grupo de Ação Rápida Para Doenças Emergentes. O projeto terá um custo de R$ 25 milhões e será dedicado ao estudo de doenças que demandam esforços rápidos, como a dengue, o Zika e Chikungunya. O grupo será multidisciplinar, com cientistas da pesquisa básica à aplicada.

 

Fonte: Brasileiros