A baixa produção de dopamina está ligada ao surgimento do Parkinson, doença degenerativa que causa tremores, diminuição dos movimentos voluntários e instabilidade postural. Entender como se dá esse processo no cérebro, porém, intriga cientistas.

 

Em recente estudo publicado na revista Science, cientistas dos Estados Unidos, em parceria com uma estudante brasileira, identificaram uma proteína, a alfa-sinucleína, que em excesso no cérebro, interrompe a produção de dopamina e o que está por trás desse acúmulo. A expectativa é que a descoberta ajude na criação de tratamentos mais eficazes para o problema que atinge de 1% a 2% da população mundial com mais de 65 anos.

Para a pesquisa, os autores usaram trabalhos anteriores que tiveram como resultado grandes quantidades de alfa-sinucleína em cérebros autopsiados de pessoas que tiveram Parkinson. O material também teve como referência o estudo feito por cientistas da Universidade de Goethe, na Alemanha, que mostrou que a doença progride por meio de agregados dessa proteína. Eles acabam afetando estruturas cerebrais responsáveis pelo movimento e por funções básicas, como a memória e o raciocínio.

 

A fim de descobrir uma maneira de cessar os excessos, os autores resolveram investigar os mecanismos ligados à produção da alfa-sinucleína. Em testes de laboratório, identificaram três proteínas-chaves com essa função, sendo que uma delas, a LAG3, se mostrou a mais importante. A segunda etapa da investigação envolveu experimentos com ratos, que receberam injeção de grande quantidade de alfa-sinucleína. Em seis meses, as cobaias desenvolveram sintomas do Parkinson e metade dos seus neurônios produtores de dopamina morreu.
A equipe também modificou roedores para que não tivessem a proteína LAG3, que provoca o acúmulo da alfa-sinucleína no cérebro, e repetiu o processo. As cobaias sofreram os mesmos efeitos negativos do primeiro teste, mas em menor escala.
Para a equipe, essa diferença se deu porque a LAG3 bloqueia os anticorpos que combatem o Parkinson. Em testes com neurônios cultivados em laboratório, observou-se esse mecanismo de defesa, o que reforça a hipótese.

 

Fonte: Paraíba Agora