Você já ouviu falar sobre depressão pós-parto? Muitas mulheres sofrem e não têm o direito ao tratamento psiquiátrico adequado, com medicamentos e psicoterapia. E ainda, convivem com comentários preconceituosos e desinformação sobre o tema.

Quem conhece a doença, muitas vezes foca nos possíveis efeitos dos medicamentos antidepressivos no bebê através da passagem ao leite materno e esquece de avaliar as consequências negativas importantes da depressão não tratada no desenvolvimento infantil.

De acordo com o estudo publicado no American Journal of Psychiatry, a exposição à depressão materna durante os primeiros meses de vida pode ter um impacto negativo duradouro no desenvolvimento do cérebro. O estudo incluiu um total de 3.469 pares de mães e filhos que participaram no Generation R Study, um estudo holandês de base populacional.

Os pesquisadores mediram a depressão materna usando o Brief Symptom Inventory (BSI), um questionário de autorrelato validado, em quatro períodos – durante a gravidez (aproximadamente 20 semanas de gestação), pós-parto (criança de 2 meses), primeira infância (3 anos de idade) e pré-adolescência (10 anos de idade). E ainda, mediram o desenvolvimento do cérebro das crianças aos 10 anos usando ressonância magnética; problemas emocionais e comportamentais.

Eles concluíram que os sintomas depressivos maternos no período perinatal, em particular o período pós-natal, são mais propensos a afetar o desenvolvimento do cérebro da criança, o que sugere um período crítico de sensibilidade. Problemas de atenção infantil, por exemplo, são associados a isso.

Nesse sentido, é importante que essas informações cheguem às mulheres que planejam engravidar e possuem fatores de risco para a depressão perinatal, que pode afetar o desenvolvimento cerebral infantil predispondo o bebê inclusive a déficits cognitivos.

Fonte: Estadão