Estudo revela que pacientes com Alzheimer têm três vezes mais chances de desenvolver quadros graves de Covid-19

Um estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concluiu que pacientes com algum tipo de demência, ou especificamente, Alzheimer, apresentam três vezes mais chances de contrair uma infecção pelo vírus da Covid-19 quando comparado a pacientes que não apresentam essa condição.

Além disso, a pesquisa mostra ainda que portadores de demência têm maiores chances de serem hospitalizados, com maior risco de gravidade e que a chance de óbito é de duas a três vezes maior que pacientes hospitalizados que não possuem essa condição.

Com isso, o estudo identifica um possível novo grupo de risco da doença em meio à pandemia, e aponta a necessidade de os serviços de saúde dedicarem atenção especial aos pacientes de doenças neurodegenerativas.

Sobre o estudo

Os cientistas avaliaram em larga escala um banco de dados do Reino Unido, com cerca de 500 voluntários, ao analisar esse grande número de pessoas, com históricos detalhados de doenças preexistentes. Nesse país, que tem uma alta testagem de Covid-19, foi possível correlacionar comorbidades com maiores incidências de óbitos pelo coronavírus.

Os idosos avaliados estavam entre 65 a 80 anos, e notou-se que a idade não era um fator determinante para a piora dos casos. Referindo-se às comorbidades, os dados revelaram que portadores de demência apresentavam um risco significante de infecção, agravamento e óbito.

Nos portadores de Alzheimer, havia três vezes mais chances de infecção e de agravamento dos casos quando hospitalizados. Além disso, o estudo revelou ainda que na faixa etária mais elevada, o risco aumentava em até seis vezes.

Alzheimer e Covid-19

A doença de Alzheimer afeta principalmente os idosos, que pela idade já são considerados grupos de risco, ao possuir uma doença degenerativa do sistema nervoso, o risco passa a ser maior.

Diversos estudos já relacionam demência e casos de Covid-19, mas atribuindo estes últimos como fator propiciador de doenças degenerativas. Esse estudo inédito, aponta que a evidência de que podem existir aspectos genéticos do Alzheimer que levam ao agravamento significativo da Covid-19, podendo gerar até óbitos, além de destacar a importância de direcionar o atendimento de saúde aos cuidados desse grupo.

O próximo passo da pesquisa é avaliar como o Alzheimer implica piora dos quadros de Covid-19. Para o pesquisador Sérgio Verjovski Almeida, da Universidade de São Paulo, uma hipótese é que sabendo que o Alzheimer pode estar relacionado com uma inflamação dos vasos do cérebro, acredita-se que essa inflamação facilitaria a permeabilidade do vírus no cérebro, o que, no caso, permitiria a infecção do sistema nervoso central.