A dor neuropática é caracterizada pela sensação dolorosa em diferentes partes do corpo e é associada a doenças que atingem o sistema nervoso central. Essa condição é debilitante, principalmente por serem poucos os métodos de tratamento eficazes que não apresentam efeitos colaterais significativos. Essa e outras informações foram coletadas por Nadine Attal, professor de neurologia da Universidade de Versalhes Saint Quentin en Yvelines, em Paris, e autor de um estudo recente, que aponta a toxina botulínica como possível tratamento para aliviar a dor neuropática.

 

Os testes foram compostos por duas séries de injeções de toxina botulínica que se mostraram seguros e eficazes para o tratamento da dor neuropática periférica, principalmente num subgrupo de pacientes com alodinia, que se caracteriza pela dor causada por um estímulo que normalmente não provoca dor. As análises foram feitas em duas clínicas da França e uma terceira no Brasil, e contou com o auxílio de 66 pacientes que sofriam de dor neuropática diária por pelo menos seis meses, causada por alguma lesão do nervo periférico, sendo mais comum a dor em casos pós-traumáticos ou pós-cirúrgicos e afetando, principalmente, regiões como mãos, antebraços, pés e tornozelos.

 

Os pacientes foram divididos em dois grupos em que um recebia injeções de toxina botulínica e outro de placebo e, após 24 semanas, foram registradas reduções entre 30% e 50% na intensidade da dor. A aplicação da toxina botulínica costuma ser utilizada para tratar a hiperatividade muscular, mas agora começam a surgir evidências de que o método pode funcionar também como solução analgésica.

 

Ainda sobre o estudo publicado em 29 de fevereiro no Lancet Neurology, Attal afirma que pacientes com maior chance de se beneficiarem com as injeções de toxina botulínica A são aqueles com dor periférica localizada em uma região específica do corpo, ou seja, pessoas com déficits térmicos limitados e aqueles com alodinia. Ainda assim, o médico aponta uma necessidade de que os especialistas procurem meios de aumentar as opções terapêuticas para pacientes que sofrem desse problema.

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Neurocirurgia