O excesso de estresse na gravidez pode influenciar no desenvolvimento neurológico de crianças prematuras, tornando-as suscetíveis a desenvolver, em outras fases da vida, ansiedade, comportamentos antissociais e transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Foi essa a conclusão que pesquisadores do britânico King’s College London chegaram após analisarem o comportamento de 251 mães de prematuros.

As mulheres cujos filhos nasceram entre 23 e 33 semanas de gestação responderam a perguntas relacionadas a experiências estressantes que viveram durante a gestação, entre elas, mudanças de endereço, demissão, divórcio ou morte de um ente querido. Ao completarem 37 semanas, os bebês foram avaliados por meio de exames de ressonância magnética.

Os testes analisaram a estrutura do conjunto de células que é responsável por, entre outras coisas, nutrir neurônios e gânglios cerebrais. Os cientistas descobriram que os nascidos de mães submetidas a mais situações de estresse antes ou durante a gestação apresentaram mudanças expressivas nessas estruturas. Elas foram observadas, principalmente, na parte da cabeça que conecta a amígdala ao córtex pré-frontal, área que atua nas emoções, aprendizado e memória.

A explicação? Excesso de cortisol, conhecido como hormônio do estresse. A substância seria capaz de provocar alterações no útero através da placenta e provocar alterações em seu desenvolvimento. Os pesquisadores também observaram um aumento de noradrenalina, neurotransmissor que influencia no humor, ansiedade, sono e alimentação, além da redução da dopamina e serotonina, substâncias conhecidas como “hormônios da felicidade”.

O próximo passo dos pesquisadores é descobrir se essas mudanças podem alterar o cérebro e o comportamento das crianças permanentemente.