Síndrome Centro-medular é uma lesão incompleta da medula cervical, resultando na fraqueza mais acentuada nas extremidades superiores do que nas extremidades inferiores. O mecanismo de lesão ocorre a partir de uma lesão por hiperextensão da coluna cervical, com doença degenerativa da coluna pré-existente (espondilose cervical), sem danos à coluna vertebral.

 

Mecanismo e Causas de Lesões

CCM ocorre geralmente em pacientes com lesões por hiperextensão, onde a medula espinhal é espremida ou prensada contra os osteófitos posteriores e contra o ligamento longitudinal posterior do canal medular (geralmente já espessado), e contra o ligamento amarelo. O ligamento amarelo é um forte ligamento que conecta as lâminas das vértebras. Ele serve para proteger os elementos neurais e da medula espinhal e estabilizar a coluna vertebral de modo a evitar o movimento excessivo entre os corpos vertebrais.

A lesão ocorre como resultado da compressão anterior e posterior da medula espinhal, levando à hemorragia, edema ou isquemia da porção central da medula espinhal. O sítio da maioria das lesões ocorre na porção médio-inferior cervical (C4-C7). Devido à topografia do trato corticoespinhal (que faz movimentar braços e pernas) com as fibras do braço medialmente, e as fibras da perna lateralmente, os braços são mais afetadas do que as pernas, resultando em um déficit motor desproporcionado.

 

Sintomas

Os pacientes têm geralmente fraqueza motora das extremidades superiores e menor envolvimento dos membros inferiores. Um grau variável de perda sensitiva abaixo do nível da lesão e os sintomas da bexiga (retenção urinária) podem também ocorrer.

 

Incidência

Esta síndrome afeta mais comumente pacientes com mais de 50 anos que tenham sofrido uma lesão por hiperextensão cervical. A história mais típica é a queda da própria altura no idoso, com trauma frontal sem proteção prévia das mãos.

CCM pode ocorrer em pacientes de qualquer idade e é visto em atletas que apresentam lesões não só por hiperextensão do seu pescoço, mas associados a hérnias discais traumáticas volumosas com compressão do cordão anterior.

CCM afeta homens com mais freqüência do que mulheres.

 

Diagnóstico

Avaliação do paciente inclui uma história completa, um exame neurológico minucioso, ressonância magnética e tomografia computadorizada da coluna cervical, raios-x da coluna cervical, incluindo a flexão e a extensão supervisionadas ao raio-x.

  • A ressonância magnética (RM): Um teste de diagnóstico que produz imagens tridimensionais das estruturas do corpo usando ímãs poderosos e informática; pode mostrar evidência direta de compressão da medula espinhal por osso, disco ou hematoma.
  • Tomografia computadorizada (CT): Uma imagem de diagnóstico criado depois que um computador lê raios-x; pode mostrar a forma e o tamanho do canal espinhal, o seu conteúdo, e as estruturas ao seu redor.
  • Raios-X: Aplicação da radiação para produzir um filme ou a imagem de uma parte do corpo, pode mostrar a estrutura das vértebras e do contorno das articulações. Raios-X da coluna delineam fraturas e luxações, bem como o grau e a extensão das mudanças espondilóticas. Flexão / extensão são visualizações auxiliares na avaliação da estabilidade ligamentar.

 

Tratamento Cirúrgico

Intervenção cirúrgica aguda geralmente não é necessária a menos que haja compressão medular significativa. Antes da era CT-RM, a intervenção cirúrgica se provou mais prejudicial por causa do risco de manipulação da medula edemaciada e piora do déficit. No entanto, com tecnologia de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, os pacientes com compressão da medula espinhal secundária à hérnia de disco traumática e outras lesões podem ser rapidamente diagnosticados e cirurgicamente descomprimidos. Nos casos com osteofitose difusa e estreitamento do canal espinhal secundário ao espessamento ligamentar e ou estenose, cirurgia aguda geralmente não é realizada até que o paciente atinja a recuperação máxima. Se houver fraqueza motora significativa após um período de recuperação, ou deterioração neurológica progressiva ou instabilidade da coluna, então a intervenção cirúrgica pode ser considerada.

 

 

O tratamento não cirúrgico

Tratamento não cirúrgico consiste na imobilização do pescoço com uma órtese cervical (colar cervical), esteróides, a menos que contra-indicados, e reabilitação com fisioterapia e terapia ocupacional.

 

Prognóstico

Muitos pacientes com CCM têm recuperação espontânea da função motora considerável nas primeiras seis semanas após o acidente.

Se a causa subjacente for o edema medular, a recuperação pode ocorrer em relativamente pouco tempo depois de uma fase inicial de paralisia ou paresia. A função na perna geralmente retorna primeiro, seguido pelo controle da bexiga e, em seguida, a função do braço. Movimento da mão e destreza dos dedos melhoram por último. Se a lesão central é causada por hemorragia ou isquemia, a recuperação é menos provável e o prognóstico é mais desanimador.

O prognóstico para a CCM em pacientes mais jovens é mais favorável. Dentro de pouco tempo, a maioria dos pacientes mais jovens recuperam a capacidade de andar e realizar atividades da vida diária. No entanto, em doentes idosos, o prognóstico não é tão favorável, com ou sem intervenção cirúrgica.