Há pouco mais de um século, o cientista alemão Korbinian Brodmann dividiu o cérebro humano em 52 regiões diferentes, criando o primeiro “mapa” do cérebro. Um estudo científico liderado pela Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, atualizou essas divisões, revelando que o córtex, a camada mais externa do cérebro, tem 180 áreas que comandam a consciência, linguagem, atenção, percepções, pensamentos e sensações – um conhecimento sem precedentes sobre a mente humana.

 

Publicado na revista Nature, o estudo está sendo considerado pelos especialistas um marco na área da neurociência e deve guiar estudos futuros que buscam compreender o cérebro humano. O novo mapa vai ajudar a conhecer o desenvolvimento da mente ao longo dos anos, esclarecer como se dá seu envelhecimento e revelar que maneira suas funções podem ser alteradas por doenças como Alzheimer ou esquizofrenia.

 

Novo mapa do cérebro

Para criar o mapa, os cientistas de sete centros de pesquisa americanos e europeus analisaram imagens de ressonância magnética e a atividade cerebral de 210 adultos. O programa, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde americanos (NIH, na sigla em inglês), busca compreender como os neurônios cerebrais se conectam.

 

Estudar os dois aspectos – imagens e atividade cerebral – em conjunto era necessário porque mapas anteriores olhavam para apenas um aspecto do córtex, por exemplo, como se dá o agrupamento dos neurônios ou que áreas se tornam ativas durante o exercício de algumas funções.

 

A análise dos dados confirmou a existência de 83 regiões cerebrais e descobriu outras 97. Algumas dessas novas áreas são totalmente desconhecidas e outras são subdivisões de porções maiores, como o córtex pré-frontal dorsolateral, que fica na parte anterior do cérebro, e é, na realidade, a reunião de uma dezena de pequenas partes.

 

O novo mapa do cérebro deve ajudar os neurocirurgiões a planejarem as cirurgias com mais precisão, identificando as áreas cerebrais a serem operadas e evitando lesões em regiões que não deveriam ser afetadas pelos cortes. Em longo prazo, os dados podem ajudar neurocientistas a compreender desordens complexas e ainda misteriosas, como a esquizofrenia.

 

Fonte: Veja