Dívidas comprometem seu desempenho intelectual
Uma pesquisa desenvolvida por especialistas da Universidade de Princeton, nos EUA, aponta como pessoas com condições menos favoráveis podem apresentar um menor quociente de inteligência, mais conhecido como QI. O estudo mostra que as preocupações com contas atrasadas e recursos insuficientes, literalmente, “enchem” a mente do indivíduo de forma a dificultar o armazenamento de qualquer outra informação.
Um elemento analisado pela pesquisa em questão foi a capacidade de memorização, ou seja, em situações de pobreza o cérebro passa por uma diminuição do espaço cognitivo, não conseguindo armazenar outras coisas pois está constantemente preocupado em pagar as contas no fim do mês. Isso faz com que o cérebro se esqueça de outras informações e o indivíduo apresente uma atenção limitada.
Um dos testes realizado para a pesquisa ligou diretamente as situações menos favoráveis ao funcionamento do cérebro. Pessoas de diferentes classes sociais foram informadas sobre um reparo que custaria U$150, enquanto um segundo grupo foi informado que o valor seria de U$1.500. Os resultados apontaram que os indivíduos de classes mais altas apresentaram comportamentos cognitivos semelhantes, enquanto as pessoas em condições menos favoráveis apresentaram melhor desempenho quando o gasto era menor.
Katie McLaughlin, uma especialista no estudo de crianças em seus primeiros anos de vida, realizou uma pesquisa com crianças de orfanatos na Romênia e notou que, em crianças com condições ruins, é comum que o cérebro apresente condições precárias. Segundo McLaughlin, os circuitos neurais e as conexões projetadas para processar a informação podem desaparecer quando não utilizados e, se isso acontece de forma contínua e em larga escala, acaba contribuindo para o estreitamento do córtex.
A especialista acredita ainda que a falta de estímulo é a principal responsável pelos cérebros prejudicados dessas crianças romenas, o que poderia ser evitado com mais conversas e brincadeiras. Além disso, ela afirma que o enfraquecimento da massa cinzenta externa do cérebro das crianças romenas, foi observado também nas crianças de áreas mais pobres dos EUA. Entretanto, McLaughlin admite não poder garantir a relação de causa-efeito entre a pobreza e a deterioração do cérebro.