Neurocientistas do Instituto Max Planck de Neurociência e Cognição Humana de Leipzig, na Alemanha, lideraram um experimento com pesquisadores de diferentes países europeus, para descobrir o motivo pelo qual muitos pacientes diagnosticados com Alzheimer conseguem recordar canções, mesmo no estágio mais avançado da doença.

O cérebro possui uma região denominada lobo temporal, que vai das têmporas até a parte de trás da orelha. Estudos anteriores afirmam que é nessa área que fica armazenada a memória auditiva do ser humano, entretanto, essa também é a primeira parte do cérebro a ser afetada pelo Alzheimer.

A explicação começa pelos resultados obtidos ao final do experimento, no qual foram apresentados 40 trios de canções a trinta indivíduos saudáveis. Publicado na revista Brain, o material apontou que, para o cérebro, a experiência de ouvir canções é diferente da experiência de recordá-las, e esses dois processos ocorrem em diferentes regiões cerebrais.

O coautor do estudo, Jörn-Henrik Jacobsen, realizou ainda um segundo experimento, dessa vez em 20 pacientes diagnosticados com Alzheimer, para comparar os resultados com pessoas saudáveis. Para isso foram utilizados os três biomarcadores que agem no diagnóstico e acompanhamento da doença: o peptídeo beta-amilóide, o metabolismo da glucose no cérebro e suas possíveis alterações, e a atrofia cortical.

As medições não apresentaram diferenças significativas de deposição de beta-amilóide e no metabolismo da glicose, já a atrofia cortical se mostrou até 50 vezes menor do que em outras áreas do cérebro. Todos esses resultados apontam que, se comparada a outras áreas do cérebro, a responsável por armazenamento de música pode não ser tão afetada no curso da doença.

A musicoterapeuta da Fundação Alzheimer Espanha, Fátima Pérez-Robledo, afirma ainda que as recordações estão ligadas a uma experiência emocional de grande intensidade, e a música tem uma relação estreita com as emoções, logo, “a emoção é uma porta de entrada para lembrar”.

Fonte: El País