Inflamações cerebrais semelhantes ao Alzheimer podem acometer pacientes com depressão
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos sobre Vícios e Saúde Mental (CAMH), no Canadá, afirma que quando não tratada, a depressão que persiste por mais de 10 anos pode gerar inflamações cerebrais semelhantes às detectadas em pacientes diagnosticados com Alzheimer. Os pesquisadores responsáveis defendem que essa inflamação tem caráter progressivo e pode intoxicar determinadas regiões do cérebro, outra semelhança com as doenças neurodegenerativas.
Para realizar o estudo divulgado pela revista The Lancet Psychiatry, foram avaliados 80 voluntários com idade entre 18 e 75 anos. Divididos em três grupos, 25 dos participantes tinham depressão há mais de 10 anos, 25 sofriam do problema há menos tempo e os outros 30 não tinha diagnóstico da doença. Os pacientes diagnosticados com depressão apresentaram pontuação mínima de 17 na Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton. Essa escala entende que a pontuação entre 7 e 17 indica depressão leve.
A inflamação cerebral detectada foi medida por meio de tomografias por emissão de pósitron (PET), para detectar possíveis proteínas translocadoras. Essas estruturas são produzidas pelas micróglias, células imunes do cérebro, e são ativadas em caso de inflamação. Segundo os resultados do estudo, quando comparados com os outros dois grupos de pacientes, os voluntários com depressão há mais de 10 anos apresentaram até 30% mais inflamação no córtex pré-frontal e córtex cingulado anterior.
Segundo o responsável pelo estudo, os voluntários do estudo diagnosticados com depressão duradoura e que não tiveram tratamento adequado durante esse período, apresentaram aumento progressivo dessa inflamação no cérebro. Além disso, foram encontradas semelhanças entre a depressão e doenças cerebrais progressivas, como o Parkinson e o Alzheimer.
O período em que a depressão permanece sem tratamento está diretamente ligado à inflamação detectada no cérebro, ou seja, quanto antes o início do tratamento, menores serão as alterações cerebrais desses pacientes.
Fonte: Correio Braziliense