Cientistas brasileiros utilizam vírus da zika para destruir tumores neurais
Publicado pela revista “Cancer Research“, um estudo realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), utilizou o vírus da zika em experimentos pré-clínicos para atacar células tumorais. O resultado foi como o esperado: o vírus reduziu os tumores gerou maior tempo de sobrevida aos camundongos que tinham a doença. Essa foi a primeira vez que tumores humanos foram destruídos com o auxílio do zika vírus, que é conhecido por comprometer o desenvolvimento cerebral de fetos em gestantes.
O estudo surgiu a partir de um caso no qual, de dois gêmeos, apenas um desenvolveu a microcefalia após a mãe ser infectada pelo zika no período gestacional. Sabendo que o zika afeta as células-tronco neurais e gera danos ao desenvolvimento do cérebro do feto, os pesquisadores identificaram que as células de tumores no sistema nervoso central têm esse mesmo comportamento, logo: se o vírus ataca as células-tronco, também atacaria as células tumorais, pois ambas são parecidas.
Na primeira fase do experimento os pesquisadores testaram a ação do vírus em células de tumores neurais, tumores de mama, próstata e colorretal. A partir de então foi identificado que, mesmo em pequenas quantidades, o vírus foi capaz de infectar as células dos tumores neurais. Entretanto, as células de câncer de mama e colorretal não foram infectadas, enquanto as células do câncer de próstata foram infectadas, mas em menor proporção.
Já na segunda fase os pesquisadores descobriram que as células tumorais estão mais suscetíveis a serem destruídas pelo vírus do que as células-tronco neurais. A partir disso o experimento foi para o modelo in vivo, com camundongos imunossuprimidos. Foram implantadas nas cobaias as células tumorais humanas na região do ventrículo central, e após o avanço da doença, os animais foram tratados com injeções do zika vírus aplicadas no mesmo lugar.
Após o experimento as cobaias foram observadas e os cientistas notaram que os camundongos tratados sobreviveram até quase três meses após a injeção, além de apresentar redução significativa no tamanho dos tumores. Em algumas cobaias o tumor foi completamente eliminado, o que auxiliou para o aumento de sobrevida das mesmas.
Fonte: O Globo