A importância das brincadeiras ao ar livre para o desenvolvimento saudável das crianças
Conforme o avanço da tecnologia é cada vez maior o número de crianças que troca as brincadeiras ao ar livre pelos jogos em tablets e smartphones. Para os adultos pode ser tranquilizante entregar nas mãos de seus filhos um aparelho que vai mantê-los quietos e distraídos por um longo período de tempo, mas para a neurociência esse é um fato preocupante, considerando que para um desenvolvimento infantil adequado é necessário o movimento do corpo e os exercícios da mente.
O sistema nervoso está diretamente ligado à locomoção, que por sua vez está diretamente ligada às coisas que queremos (ou não) próximas a nós. Exemplos práticos podem provar essa afirmação. Note que quando encontramos algo que nos atrai, seja um parceiro ou qualquer objeto que achamos bonito, é natural que nos aproximemos aos poucos. Em contrapartida, quando temos contato com algo que não nos agrada, logo saímos de perto. Tome como exemplo a simples sensação de tomar um choque.
Ainda sobre as regiões do cérebro voltadas ao movimento do corpo, temos o córtex motor primário e secundário, que são responsáveis pelo controle motor. O cerebelo, localizado na parte posterior do encéfalo, e o vestibular, um subsistema completo, também são fundamentais para movimento e equilíbrio em todos os movimentos do nosso corpo. Além disso, não podemos nos esquecer dos sistemas cognitivo e emocional. O desenvolvimento dessas estruturas é possível por meio das brincadeiras e aprendizagens ao ar livre.
Nos últimos tempos estão sendo notadas mudanças bruscas no comportamento das crianças, sobretudo pelo fato de já não brincarem e socializarem com grupos de idade heterogênea por meio de brincadeiras como pega-pega e amarelinha. Em contrapartida, cada vez mais encontra-se crianças com crises de ansiedade e problemas de saúde como a obesidade e depressão. Essas questões estão ligadas às brincadeiras ao ar livre, pois na teoria emocional, essas são atividades que regulam sentimentos como medo e raiva, que em altas doses geram crises de pânico e compulsão alimentar, por exemplo.
Fonte: El País